Gestação


Tudo começou quando...

Eu nunca fui daquelas meninas que sonhavam em um dia entrar na igreja de véu e grinalda e casar com um príncipe encantado. Também nunca fiquei sonhando em ser mãe, embora adorasse brincar de boneca, e fiz isso até uns 12 anos...

Meu pai e minha mãe sempre enfatizaram que nós(eu e minhas irmãs) tínhamos que estudar para termos um profissão e sermos independentes. Mas o conceito de família sempre esteve presente em minha vida. E embora eu quisesse ser livre, independente, tem minha própria casa, um carro, viajar, etc., nunca imaginava em fazer isso só, mas ao lado de alguém especial. Eu sabia, lá no fundo, que embora os homens fossem realmente irritantes, safados e outras coisas mais, em algum lugar deste mundo estaria um homem diferente de todos, educado, inteligente, sem conceitos machistas, lindo lindo lindo, só pra mim.

Eis que um dia ele apareceu. O cenário não era de nenhum conto de fadas, o fugurino muito menos. Era fim de tarde de um dia de carnaval, numa praia, e estávamos todos bem no clima da festa. Mas bastou nossos olhares se cruzarem para toda minha vida tomar um rumo totalmente inimaginável.

Era 03/03/03. Olha que místico! E desde então ele é o meu companheiro, o príncipe encantado que não tinha cavalo branco, muito menos um reino. Mas nós construímos um, o nosso palácio, rico em amor, harmonia, cumplicidade. Ele é meu rei, e eu sua rainha.

Minha mãe dizia que eu era muito “moderninha”, que um dia eu seria hippie, teria um jeep e andaria solta por aí. Mas ao contrário, eu namorei, noivei, casei, me formei e engravidei. Nescessariamente nesta ordem...

Nossa vida desde que começamos a pensar em casar foi de alguma forma planejada. Sabíamos que as coisas não poderiam ser feitas de forma impensada, aleatoriamente. E apesar da “pressão” dos amigos e família (“vai casar quando?”, “pra quando é o bebê?), pensávamos que cada coisa viria a seu tempo, e fomos trabalhando e nos organizando para isso.

Enfim, em 2010, dois anos após nos casarmos, planejamos a gravidez. Começamos a organizar a casa e a nossa vida para a chegada dos herdeiros. E deixamos então a natureza agir.

Todos ficavam perguntando quando viria o filho, e nós sempre dizendo que “em breve”. Sabíamos que no momento certo aconteceria, pois fisicamente, psicologicamente, emocionalmente, estávamos preparados.

Eu sempre dizia a Lucas que antes de ficar grávidos nós teríamos uma outra lua-de-mel, uma viagem para nos despedirmos da condição de casal sem filhos. E então no final de 2010 resolvemos fazer a tal viagem pelo Nordeste. Eu pensava em aproveitar o clima da viagem, o calor do verão, para engravidar, não sabendo eu que desde quando decolei naquele vôo, já não era mais uma pessoa só. Dentro de mim brotava uma semente.

Os sintomas estavam alí, mas eu não percebia. Atraso do ciclo, enjôos, e eu achava que ainda não estava gravida, pois até sentia cólicas! Mas Lucas, sempre ligado, já dizia que eu estava.

A viagem foi maravilhosa, uma maratona pelo Nordeste, andamos horrores. No dia que voltamos houve o aviso certeiro. Uma tontura, tudo ficou preto. Daí foi só um passo para fazermos o teste de farmácia e confirmarmos, em parte, a gravidez. Nossa, ficamos muito felizes. Mas eu em particular, sentia uma estranha felicidade, misturada com a incerteza - “será que é mesmo?” - pois era tudo novo, não sabia o que sentiria dalí pra frente, como e quando meu corpo começaria a mudar. Mas me sentia também especialmente feliz, radiante. Tentamos até segurar um pouco a descoberta, mas a vontade de contar para a família foi maior. Tínhamos que dividir aquela alegria com as pessoas mais amadas. Então a alegria e o amor se multiplicaram.